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E L I Z A B E T H

 

 

 UM pintor amava a sua arte com todas as forças.

   Pintar era nele uma vocação.

   Cada dia, ao acordar o Sol, aquele moço distribuía as cores na paleta, tomava uma tela e saia para o ar livre em demanda dos campos ondulados, dos verdes vales, das sebes floridas à margem do rio.

    E era comum vê-lo recolher tarde, quando a sombra velava já os seus motivos para revelar a primeira estrela.

      Voltava sempre ensimesmado, de cabeça baixa.

     Certa manhã, cruzando no caminho com a irmã de seu amigo, a bela e estouvada Elizabeth, esta lhe disse:

     "Por que você não sorri nunca?"

      Nesse dia o pintor compreendeu: "Sou um doente. Já não sinto a beleza, apenas sofro a tortura de interpretá-la. Que importa uma arte que não é vida?"

     E alijou à água os seus pincéis, vindo para junto de Elizabeth, a bela e estouvada irmã de seu amigo.

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