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     XXI

 

O  S E I X O

 

 

    EU ia, no estio, pelo leito seco do riacho.  De repente, na areia, vi um seixo.

     Era perfeito, recolhi-o.

     Que me queres dizer, pequeno seixo redondo?

   Fôste   áspero  calhau,  todo arestas e  dureza,  ao despreender-se da pedreira bruta. Liberto, as águas te trouxeram rolando pelo chão da vida. Algum tempo ficaste prisioneiro na noite de uma grota; muito tempo te pisaram ao Sol na terra de uma estrada; novos dias vieram e te impeliram para a correnteza.

     Aqui estás. Talvez nem interromperas aqui a tua viagem, se não te tomasse: certo não te julgas tão perfeito!

     Te    compreendo,  pequeno  seixo  redondo,  é   preciso esperar, é preciso abençoar a dor que desgasta arestas e asperezas - e depois, depois aspirar à perfeição ainda!

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