Xavier Placer
XXI
O S E I X O
EU ia, no estio, pelo leito seco do riacho. De repente, na areia, vi um seixo.
Era perfeito, recolhi-o.
Que me queres dizer, pequeno seixo redondo?
Fôste áspero calhau, todo arestas e dureza, ao despreender-se da pedreira bruta. Liberto, as águas te trouxeram rolando pelo chão da vida. Algum tempo ficaste prisioneiro na noite de uma grota; muito tempo te pisaram ao Sol na terra de uma estrada; novos dias vieram e te impeliram para a correnteza.
Aqui estás. Talvez nem interromperas aqui a tua viagem, se não te tomasse: certo não te julgas tão perfeito!
Te compreendo, pequeno seixo redondo, é preciso esperar, é preciso abençoar a dor que desgasta arestas e asperezas - e depois, depois aspirar à perfeição ainda!
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