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        XVII

 

C A S T E L O S

 

 

 GAROTO, eu amava me deitar ao comprido no patamar da escada.

     Era às tardes que eu gostava de ingerir aquele ópio tão necessário à minha vida como qualquer vício: sonhar acordado.

    Em que pensava, a cabeça apoiada nas mãos, a acompanhar no céu altíssimo uma forma efêmera, o homem do aloquete, um peixe?

        Inocentes, os meus castelos.

   Um deles, e que eu retomava cada dia para acrescentar ou tirar elementos à barroca arquitetura, era em torno de certa água-furtada desenhada na capa de um livro escolar. Aquela janela, abrindo sobre o telhado, ponto de partida mesquinho, como me evadia em loucas cavalgadas - feliz, sete vezes mais feliz do que o rei do Hindustão!

       Morar ali - lembras-te, filha do comandante? - que felicidade! Um dia, um dia, eu e tu, nos trancaríamos lá, ó linda! E contigo eu praticaria grandes safadezas que ninguém saberia. Tu havias de consentir, porque eu te amava e tu me amarias. à noite, terríveis coisas aconteceriam. Eu te salvava de todos os perigos! Meu valoroso revolver, estão eles aí, os inimigos. "Recuai, covardes!" Ah, ah, ah... Lá fogem em debandada: pum! pum! pum!

        E eu acordava do desmaio nos teus braços.

 

 

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