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               XI

 

O  BOSQUE  ILUMINADO

 

 

 -"OLHA, a ação é um fardo, guardam-se aqui os raros momentos de plenitude. Deixa a vã refrega - e vem!"

     Porque sem palavras, mas fundo penetrava o chamado. Capta a alma a cifrada mensagem, e pernas e braços, todo o ser apenas obedece. Obedece maravilhado.

     Troncos esguios, troncos retorcidos, troncos escuros - livres. Umbelas ainda mais livres. O Sol tamisa raios oblíquos pela cortina dos ramos. Manchas de claro-escuro sob o tapete de folhas maduras. Que a chuva e os outros elementos, num labor obscuro, transmudarão em húmus para alegria criadora da terra. Ser húmus negro para ser novo rebento, caule, folha verde, flor, fruto!

     Vozes de pássaros - seus nomes, onde? - zinir de cigarras, voo de insetos e a queda sem ruído da água no córrego.

     Um cogumelo abre o silencioso chapéu-de-sol entre raízes, sonhando em segredo, sonhando ser árvore, um dia!

      Na verdade aqui se pode sonhar, e sonhar. Ó paz, ó quietude, ó transitório momento de eternidade!

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