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      VII

 

Á L C O O L

 

 

 VINHA do tempo antigo. Era o seu álcool. Quando o outro, bolsos cheios de chumbo, teimava em se arrastar, ele o abandonava entre os autos, os pés dos transeuntes ou em qualquer logradouro, público ou não, e largava-se.

     De começo,  sem  consciência,  num  rompante. O tempo entregou-lhe a chave, descobriu-a, e podia assim como um comedor de ópio que dosa antegozando as suas oito mil gotas, podia abrir a porta de qualquer eldorado.

       Encontrou-se um genial engenheiro de quimeras.

     Consolava? Ó ingênuo comparsa, qual o vinho que adormece? Havia a ilusão da partida. Já não era o bastante? É preciso dizer tudo?: havia depois - ah, depois! - a ironia do gargalhar, perversamente, do incomparável desastre, do satânico desmoronamento.

        Era o seu álcool - como qualquer outro.

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