Xavier Placer
VII
Á L C O O L
VINHA do tempo antigo. Era o seu álcool. Quando o outro, bolsos cheios de chumbo, teimava em se arrastar, ele o abandonava entre os autos, os pés dos transeuntes ou em qualquer logradouro, público ou não, e largava-se.
De começo, sem consciência, num rompante. O tempo entregou-lhe a chave, descobriu-a, e podia assim como um comedor de ópio que dosa antegozando as suas oito mil gotas, podia abrir a porta de qualquer eldorado.
Encontrou-se um genial engenheiro de quimeras.
Consolava? Ó ingênuo comparsa, qual o vinho que adormece? Havia a ilusão da partida. Já não era o bastante? É preciso dizer tudo?: havia depois - ah, depois! - a ironia do gargalhar, perversamente, do incomparável desastre, do satânico desmoronamento.
Era o seu álcool - como qualquer outro.
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