Xavier Placer
IV
L I M B O
...E DA caixa mágica imagens nascem, banham-se na réstia de luz - um instante - e evoluem para a sombra, dando lugar a outra, e outra, e mais outra...
Uma vez, e nunca mais!
Se me desse ao trabalho de anotar? O agricultor atirou no campo (minha mente) um punhado de sementes, as douradas sementes espalharam-se ao acaso. Caiu a chuva, e eis que elas germinam com uma força! Haveria obstáculo que tolhesse o secreto labor? Amanhã será tarde. O frêmito das asas, morto. Morta a visão original. Floresta petrificada... O espírito retém o que merecer. O mais, que se perca.
Que se perca!
Horas, caravanas de horas... no deserto do Tempo. A vida. Ora, a vida. Que umas devorem as outras! Nós, bichos da terra tão pequenos, devorados na obscura luta. Para quê? Para onde?
Entregam-se as pálpebras: são duas conchas.
Poeira brilhante em suspensão na abóbada negra... Miríades de rubras fagulhas. Caos luminoso. Adormeço...
Bailando, bailando!
E dissolvem-se, e penetram-se, abalroam-se. Fogem, em sarabanda. Arabescos. Lenço - que me diz? Adeus? Adormeço, Flor?
Estalactites...estalagmites...
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