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XIII
 
LAGARTIXAS

AS LAGARTIXAS são monjas de um convento lunar. É pra lá que se ausentam durante o dia.

   Pronto começa a escurecer e acendem-se os lares, essas monjas clarissas deixam a clausura. E secularizam-se aí para a caliça das paredes.

     Têm algo de fantasmas e dão curtas corridas.

     Pode-se vê-las por dentro través a gelatina finíssima. Quando perdem um segmento vivem ainda. Serão eternas, as lagartixas?

      Agora estão nos lindes da lâmpada do teto.

     Hão de ter uma visão horizontal. Hão de enxergar o mundo às avessas.

       Doidas, doidas são as outras, as mariposas!

      Para estas salomés a lâmpada é uma estrela; viver, o rubro-feérico de uma noite de delírio!  e toca a bailar, a bailar –

       até perderem as asas

       até caírem exaustas no tapete

       até ceiá-las as precatadas lagartixas...

 

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