Xavier Placer
XIII
LAGARTIXAS
AS LAGARTIXAS são monjas de um convento lunar. É pra lá que se ausentam durante o dia.
Pronto começa a escurecer e acendem-se os lares, essas monjas clarissas deixam a clausura. E secularizam-se aí para a caliça das paredes.
Têm algo de fantasmas e dão curtas corridas.
Pode-se vê-las por dentro través a gelatina finíssima. Quando perdem um segmento vivem ainda. Serão eternas, as lagartixas?
Agora estão nos lindes da lâmpada do teto.
Hão de ter uma visão horizontal. Hão de enxergar o mundo às avessas.
Doidas, doidas são as outras, as mariposas!
Para estas salomés a lâmpada é uma estrela; viver, o rubro-feérico de uma noite de delírio! e toca a bailar, a bailar –
até perderem as asas
até caírem exaustas no tapete
até ceiá-las as precatadas lagartixas...
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