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XII
 
AS MOSCAS

NÃO as de asa douro e ônix, o inseto-íris, a mosca azul; mas as moscas das nossas casas, as cosmopolitas de cada dia e hora, abelhas do importuno, a mosca musca;

      que estão aí com três mil olhos – parasitas e espiães – e que tanto sugam no cuspo como no cálice, picam a ferida como a romã, - mensageiras do Nada;

      as moscas dos nossos vinagres, explosão e palavrão; vespas dos sanitários, do morto em seu caixão, da cópula no copo de leite.

      Moscas. Terão Bosch e Bruegel se lembrado delas?

     é ali,  num  painel,  que  existem  em  seu lugar; a intrigar em torno à calva de um mau frade içado num tonel, a aguçar a fina trompa no cume de um ovo; em rudo zum-zum no caos por cima do monturo;

   ou a moscar, bem literárias – signo e som – na semiótica de uma prosa curta, aqui.

 

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