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E num dia qualquer

 

68 TROUXE as duas pastas, comuniquei-me com Seroa, que não se espantou menos do que eu. Veio à minha casa, queria ver logo logo os tais originais.

       Folheou avidamente os dois volumes. E ia repetindo: Ótimo! Ótimo! Sem dúvida, Nestor, ele deu aqui o melhor de si, isso se vê.

       – Vim lendo no avião. notei cá e lá certas negligências.

       – Não vamos corrigi-las.

       – Arno decerto o faria.

      – Não creio. Ele as deixaria. A fim de mostrar que era maior que seus livros. Vou pra casa, vou ler até o amanhecer.

       Pedi-lhe que escrevesse as "orelhas".

      Entregou-me  as pastas e os escritos mais depressa do que eu esperava, redigidos com aquele toque de originalidade que punha em tudo e desta vez, como me confessou, com o maior prazer.

      Fomos ambos ao lançamento de A Fonte Luminosa em São Paulo.

 

   *

*   *

 

     Como tinta correu, a favor e contra, o Editor aproveitando a onda lançou a seguir o Dossiê da Pintura.

      A crítica nova enfim polemiza se se trata em ambos os livros de ficção em patamares ou em círculos, de mensagens simbólicas ou alegóricas, etc., qualificando os dois títulos de "importantes realizações na moderna novelística brasileira."

      Observei a Seroa um dia:

      – Pensar que Arno ainda escreveria outras coisas...

      – Se vivesse além dos quarenta?

      – Exato.

      – Conjecturas.

      – Plausíveis.

      – Meu caro Nestor, a vida de um homem não é isto ou aquilo que poderia ter sido ao sol e escuro de seus dias – é o que foi, por inteiro.

      – Escreva então a de Arnóbio.

      – Deixa-a para seu primo.

 

 

 

 

 

fim

 

 

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