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XXXI
 

ISTO EU QUERO

NÃO QUERO TROPEÇAR em raízes. Nem olhar para trás.

           Ó antigualhas, esportivamente vos ignoro.

        Vivo estou. Venho de outubro, da hora vespertina. Sou um contorno que os dias cobrem de cores, todas as gamas do arco-íris. Vai-se improvisando: alegria dos gestos originais.

           Há  o  fardo  no pórtico.  Também  há  o  fardo  que levar. Cada homem tem o seu, nem tudo são flores. E o rio a vadear de traiçoeira águas. Que eu soçobre – náufrago, sairei nadando para a margem de lá.

        A margem de lá, paisagem & figura humana. E as coisas. Tomo-as, as coisas escuto-as ao ouvido: são as coisas, inexoravelmente, insubornavelmente, muito obrigado!

         E prossigo. Aranha, invento a minha teia, fabrico o tempo, caem moscas, que devora. Detenho todas as cartas do baralho. De repente (alguém bateu), acordarei espantado. Pronto, acabou. Isto eu quero.

 

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