Xavier Placer
XXXI
ISTO EU QUERO
NÃO QUERO TROPEÇAR em raízes. Nem olhar para trás.
Ó antigualhas, esportivamente vos ignoro.
Vivo estou. Venho de outubro, da hora vespertina. Sou um contorno que os dias cobrem de cores, todas as gamas do arco-íris. Vai-se improvisando: alegria dos gestos originais.
Há o fardo no pórtico. Também há o fardo que levar. Cada homem tem o seu, nem tudo são flores. E o rio a vadear de traiçoeira águas. Que eu soçobre – náufrago, sairei nadando para a margem de lá.
A margem de lá, paisagem & figura humana. E as coisas. Tomo-as, as coisas escuto-as ao ouvido: são as coisas, inexoravelmente, insubornavelmente, muito obrigado!
E prossigo. Aranha, invento a minha teia, fabrico o tempo, caem moscas, que devora. Detenho todas as cartas do baralho. De repente (alguém bateu), acordarei espantado. Pronto, acabou. Isto eu quero.
Pag
33/37
