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XXVII
 
 
EXISTIR É SER OPACO

NO SÉTIMO DIA, ali pelas nove da manhã, o morto ressuscitou.

        Como cãozinho novo disparou de um lado para outro a desentorpecer, mas também aloucado pela alegria de existir; depois foi à sua missa.

    Atrasara-se; o ato havia findado: o “coroinha” estabanado apagava o último círio.

         Alcançou Stella de preto ajeitando agapantos em seu túmulo. Como a mulher não o percebia, fez fiu-fiu; a viúva fugiu gritando.

       Partiu para outros ensaios de presença e convívio. Se o ouviam, apavoravam-se, se calava, sequer o pressentiam.

    No túmulo – oh amarga dor – compreendeu: ressuscitara glorioso, isto é, com aquele corpo transparente – E EXISTIR ERA SER OPACO.

 

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