top of page
Xavier Placer
XXVII
EXISTIR É SER OPACO
NO SÉTIMO DIA, ali pelas nove da manhã, o morto ressuscitou.
Como cãozinho novo disparou de um lado para outro a desentorpecer, mas também aloucado pela alegria de existir; depois foi à sua missa.
Atrasara-se; o ato havia findado: o “coroinha” estabanado apagava o último círio.
Alcançou Stella de preto ajeitando agapantos em seu túmulo. Como a mulher não o percebia, fez fiu-fiu; a viúva fugiu gritando.
Partiu para outros ensaios de presença e convívio. Se o ouviam, apavoravam-se, se calava, sequer o pressentiam.
No túmulo – oh amarga dor – compreendeu: ressuscitara glorioso, isto é, com aquele corpo transparente – E EXISTIR ERA SER OPACO.
Pag
29/37
bottom of page
