Xavier Placer
XXV
MURALHAS DA CHINA
NASCE o dia. Águas cantam nas fontes. Rosas vermelham nos jardins do mundo. Vêm abelhas buscar mel nas corolas, enquanto os pardais esvoaçam, perseguem-se em amor.
Vai porém, um homem pela rua. De repente esse homem encontra outro homem. E a muralha cresce! Cada qual engatilha a metralhadora, afia o seu punhal de bolso.
Ei-los. Falam, falam, e a muralha a fabricar-se ali, pelas mãos deles. Alta e espessa: pedra sobre pedra, em sólida argamassa.
É por isso que às vezes um levanta a voz. Até grita ou berra. Está se pondo na ponta dos pés, a estirar o braço por cima, por cima da muralha. Por vezes, também praticam um buraco (pequeno) no paredão:” – “Ô você !” “- Fala, querido !”
Palavras. Mal se vislumbram – levariam anos-luz para se descobrir.
Mas a vida, esta ignora o desamor dos homens, a vida esplende: águas cantam nas fontes, rosas vermelham nos jardins do mundo...
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