Xavier Placer
XXI
TELEFONE
DEPOIS AQUELA AMIZADE de encontros diários, de cartas intensas numa fase de viagens, aí virou telefônica.
Negócios, família, a ida absorviam os dois amigos por vias paralelas, na Grande Cidade, que nunca se viam.
Um ano.
Dois anos.
Cinco anos – o tempo passa.
Mas até que estreitara os laços, como se diz, tinham longos, interessados, cordialíssimos bate-papos – pelo telefone.
Certa feita que o acaso os juntou sob uma marquise, esta entrevista foi uma ligação interrompida. Linhas cruzadas, não sabiam o que se dizer, até o timbre das vozes soava em falsete: eram dois estranhos.
“Adeus”.
“Abraço, hem !”
Então foram se pendurar ao telefone – e cordialíssimos recomeçaram os longos, interessados, bate-papos entre os dois amigos da Grande Cidade.
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