Xavier Placer
XX
SALÃO
JÁ TINHAM FLAMADO todos os paradoxos. A poesia do poeta B. estava superada pela do poeta C; o crítico A.R. não veiculava mensagem nenhuma; a ficção do romancista D. colocava problemas, sim, mas não apresentava soluções; todos os presentes, sem exceção eram gênios.
Os donos da casa, orgulhosos do pequeno grupo de fiéis, sorriam mandarinamente.
À sobremesa alguém anunciou que trazia um “número” para a noite: cada pessoa confessaria, de público, a ação que mais a envergonhava.
Original! Formidável! Eis cada conviva a rebuscar no poço, a dourar a mentira elegante que melhor escandalizasse.
Para dizer tudo, a reunião acabou cerce e amarelamente. Deles, um escolhendo o pior momento para vingar-se de não ser mais, com todas as letras declarou que era o terceiro lado do triângulo... anfitriônico.
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