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IV
 
 
O MICROFONE

UM MICROFONE pode sugerir muita coisa. Tudo está em ter imaginação. Ou saber calar, porque o impulso natural diante da esguia figura é abrir a boca.

        Um microfone, na haste ereta, não lembra verbigracia rígida flor de metal? Corretíssimo gentleman estendendo a xícara de chá? Amigo, magro e discreto, capaz de tudo ouvir?

        Nada disto consolava o humanista.

    Para o amargo, o microfone só alcançaria (não a perfeição), mas afinal a relativa utilidade, no dia em que a tela metálica filtrasse as mentiras e os lugares-comuns nos discursos dos homens.

 

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