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VI
 
J.C.

GLABRO, pálido, vestia de preto e falava por segmentos, telegraficamente. Imprevisível, só me aparecia a horas neutras. 

      Fazia uns minipoemas com (até) dezessete palavras, num caderno marrom de folhas diagramadas, que não mostrava.     

     Quando publicasse um livro sairia sob chave - Isaac Laquedém.

      “Quem é?” 

      “O Judeu Errante”. 

      Um dia queixei-me do sábado chuvoso. 

      “Tira o sábado da chuva.”     

     E  dizia que  há vinte  anos  queimava  as pestanas numa obra que iria revolucionar a economia política. Título: Em Defesa da Burguesia Oprimida e Vilipendiada. 

     Às vezes penso nele. Onde andará? Aonde arrastará o labirinto de estar-aqui este ser de exceção?

 

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