top of page

fala o Rei

 

SOBRE BABILÔNIA a grande  que edifiquei

(ano trigésimo do meu reinado)

afivelei um dia a máscara no rosto

Como Hamlet, meu real parente, fui sempre

revisitado no leito por visões

de noite, oh, os belos sonhos!

 

Até que do terraço do paço o olhar

sem duques demorou-se nas coisas e vi

vi! com olhos de furacão

Eu, por espelhos a palpar o tédio

e a animália do campo as hastes as águas

as abertas asas, nem o proclamam,

 

existem! E eu, posteridade dos deuses,

rei dos reis? - Deposto visionário

desossado pelo conforto-grilhões

em púrpura. Os carros de raios-de-ouro

Lampadários de ouro. Douradas ciências

Mancebos babilônios suando ouro. Não!

 

Nu, me cubro de meus naturais cabelos

branda como da relva junto ao boi no vale

ninguém, no verde rojo o corpo por inteiro

Seguindo o giro da águia afio nas suas

garras as minhas unhas  -  e serei

molhado pelo orvalho, NABUCODONOZOR-REI

 

 

 

 

DANIEL: IV, 32-33

Na mesma hora cumpriu-se a palavra sobre Nabucodonosor: foi ele expulso dentre os homens e comeu feno como boi, e foi o seu corpo molhado do orvalho do céu, até crescer o seu pelo como as penas das águias, e as suas unhas como as das aves. 

Para o ator B. de Paiva

Pag

 09/28

cmp

bottom of page