Xavier Placer
fala o Rei
SOBRE BABILÔNIA a grande que edifiquei
(ano trigésimo do meu reinado)
afivelei um dia a máscara no rosto
Como Hamlet, meu real parente, fui sempre
revisitado no leito por visões
de noite, oh, os belos sonhos!
Até que do terraço do paço o olhar
sem duques demorou-se nas coisas e vi
vi! com olhos de furacão
Eu, por espelhos a palpar o tédio
e a animália do campo as hastes as águas
as abertas asas, nem o proclamam,
existem! E eu, posteridade dos deuses,
rei dos reis? - Deposto visionário
desossado pelo conforto-grilhões
em púrpura. Os carros de raios-de-ouro
Lampadários de ouro. Douradas ciências
Mancebos babilônios suando ouro. Não!
Nu, me cubro de meus naturais cabelos
branda como da relva junto ao boi no vale
ninguém, no verde rojo o corpo por inteiro
Seguindo o giro da águia afio nas suas
garras as minhas unhas - e serei
molhado pelo orvalho, NABUCODONOZOR-REI
DANIEL: IV, 32-33
Na mesma hora cumpriu-se a palavra sobre Nabucodonosor: foi ele expulso dentre os homens e comeu feno como boi, e foi o seu corpo molhado do orvalho do céu, até crescer o seu pelo como as penas das águias, e as suas unhas como as das aves.
Para o ator B. de Paiva
Pag
09/28
