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–FELIZ a flor, na manhã-primaveira por se

adivinhar fruto; o fruto, este no meiodia-verão

por conter a semente; a semente, na tarde-outono

por se entrever já árvore; árvore, ah! a árvore,

na noite-inverno a se sonhar a mãe da flor...

(Esta a lição do vegetal em sua calada dialética)

AO POMBO arrulhador – milho na concha da mão;

à doméstica rolinha – migalhas no peitoril;

ao tico-tico – punhado de fubá;

ao pardal e à parentela dele – triguilho

no prato de barro;

à cambaxirra, a confiante garrincha – a janela

aberta  pra ninhar atrás da estante;

ao sabiá e ao bem-te-vi... ora estes ávidos

saqueiam sem convite o laranjal;

à andorinha, a mensageira de alvo peito – o

desvão cordial do meu telhado.

                 

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