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Xavier Placer
–FELIZ a flor, na manhã-primaveira por se
adivinhar fruto; o fruto, este no meiodia-verão
por conter a semente; a semente, na tarde-outono
por se entrever já árvore; árvore, ah! a árvore,
na noite-inverno a se sonhar a mãe da flor...
(Esta a lição do vegetal em sua calada dialética)
AO POMBO arrulhador – milho na concha da mão;
à doméstica rolinha – migalhas no peitoril;
ao tico-tico – punhado de fubá;
ao pardal e à parentela dele – triguilho
no prato de barro;
à cambaxirra, a confiante garrincha – a janela
aberta pra ninhar atrás da estante;
ao sabiá e ao bem-te-vi... ora estes ávidos
saqueiam sem convite o laranjal;
à andorinha, a mensageira de alvo peito – o
desvão cordial do meu telhado.
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