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CRÔNICA

Vínhamos de Guarapari.

Falei ao professor, à janela do ônibus,

da beleza do verso:

                          Incessu patuit dea.

Me corrigiu: Incessu vera patuit dea,

estava em Virgílio, Liber I, e continuou...

O ar da manhã prometia doce viagem.

Não foi o que topamos adiante:

a kombi destroçada, o rapaz morto ao volante,

sapatos sandálias tamancos dourados na lama.

As mulheres atiraram-se aos despojos,

eu debruçava a curiosidade pelo vidro,

enquanto o professor me repetia os desastres

                            nos tempos dos verbos latinos

                                      propriamente irregulares.

pelo andar, revelou-se uma verdadeira deusa.

Eneida: I, 402.

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