Xavier Placer

XAVIER PLACER escreve - primeiro para seu gosto pessoal; depois para um imaginado leitor ( espécie mallarmaica de Un Coup de Dès, às avessas )
Flor-ação ( flos+actio) vale como algo que se cumpre na poesia, eterno trabalhar do pólen das anteras, e em obra, esta não só grafada mais ainda vivenciada.
No conjunto do livro, há o embasamento das unidades que se vão enriquecendo por intuscepção, como as sensitivas e os produtos de arte genuína.
Obra de poeta permanente que não se esgota num verso de ouro, numa peça de antologia, num "achado feliz". Criadores ( como XP ) que caldeiam um estado residencial e domiciliar da poesia.
Sim, com todas as suas áreas de lazer abertas ao azul, o solar, as varandas e aléias, os frutos e até ( sob corrente de ladridos ) o cão de guarda, fiel e vigilante.
ORELHAS
Minipoemas, elos/eros e Memorial são os anteriores livros de versos deste também mestre do poema em prosa e da prosa poética, sua esgrima de estilista.
Flor-ação continua a poesia linossígnica. Da margem de lá, XP labora o tecido da linguagem, em três momentos: I - da poesia; II - do poeta; III - uns espetáculos.
Mas não busca ser ouvido da outra margem. Não foi seu preferido Saint-John Perse quem disse: Je ne hélerai point des gens d'une outre rive?
Este breve livro - cada breve livro seu, segmento de uma work in progress a ser um dia editorialmente juntada - é uma colheita de sonoridade ( ritmo e timbre ), de forma gráfica e imagem, suportes da ideia.
Aqui o poeta é o mago-anfitrião. Seus paços abrem-se ao leitor iluminado: "Aos sábios convivas/ esplendor aos olhos/ allegro ao ouvido/ ao palato os vinhos"
HUGO TAVARES
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